A prática é um professor excepcional.
Certa vez, viajando por terras estrangeiras, encontrei um velho bibliotecário árabe que me contou esta história:
No país de Tinogastra, vivia um príncipe herdeiro que queria tornar-se sábio e estar preparado para governar dignamente quando fosse coroado rei. Com muito acume, observara que o silêncio nada tinha a comunicar a ninguém, enquanto que os sons, de qualquer parte que viessem,exprimiam tudo o que era possível saber.
Então pôs-se a estudar os sons. Grilos, cigarras, pássaros e até répteis foram por ele, minunciosamente, pesquisados, mas não conseguiu tirar nenhum proveito dos sons que ouvira. Persistente, passou a estudar os sons produzidos por bichos maiores, como ovíparos, mamíferos e até cetáceos, acabando por concluir que também este aprendizado não o levava a parte alguma. Finalmente, decidiu pedir conselho aos maiores sábios do reino para que ajudassem a descobrir o significado dos sons no contexto da sabedoria universal...
Muitos cientistas e estudiosos revesaram-se no palácio.Inúmeros tratados e compêndios lhe foram entregues, mas nenhum conseguiu trazer-lhe o ensinamento válido de que ele pecisava. Desanimado, o príncipe para encerrar o simpósio, quando apareceu um jovem domador de animais selvagens, que assim falou:
- Vossa Alteza se digne escutar-me. Eu não sou doutor, mas entendo muito de sons, pois os animais de que trato produzem os sons mais diversos. Por isso, posso afirmar-lhe que nenhum deles me ensinou alguma coisa até agora. Só conheço um som no qual sempre encontrei a expressão, o conhecimento e o saber.
- Pois me diga, que som é esse? - perguntou o príncipe ansioso.
- É o som da palavra! - respondeu o jovem domador.
O príncipe herdeiro compreendeu logo a mensagem do humilde súdito e passou a estudar os sons das palavras. Tornou-se assim um grande orador, orgulho do seu país.
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