Frase da Semana

" Ninguém ignora tudo, ninguém sabe tudo. Por isso, aprendemos sempre! "

Paulo Freire

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Livro "Auditoria Aplicada à Engenharia"

A importância desta publicação reveste-se na grande relevância do tema por ela tratado. A execução de obras pelos gestores das três esferas de governo é tarefa cotidiana, objetivando atender demandas específicas da comunidade a que servem e à construção da infraestrutura imprescindível ao desenvolvimento econômico do país.
AUDITORIA APLICADA À ENGENHARIA é a soma do conhecimento técnico do autor, fruto do estudo, da experiência e da pesquisa realizada. É uma contribuição valiosa aos profissionais da área, aos gestores públicos e privados e a quantos fazem da matéria um consultor permanente na elaboração de pareceres e formatação de relatórios, enfim, fazendo uma análise horizontal e vertical do assunto, nos brinda com a marca da qualidade e do talento de que é possuidor.


http://www.netserv19.com/ecommerce_site/produto_123885_1599_Auditoria-Aplicada-a-Engenharia-Autor-Marcio-Sares-Rocha


quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Premius Editora

A marca Premius é reconhecida pelo padrão de qualidade utilizado em todo o processo de criação, confecção e acabamento, ou seja, desde a escolha do material, que garanta a sustentabilidade do meio ambiente, até a entrega do produto, procurando cumprir rigorosamente o prazo combinado. Em novo endereço... A história continua!

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

LANÇAMENTO! LIVRO LUCAS!

Uma casa, uma cabana

Nossos pais diziam que para nos tornar seres completos era preciso escrever um livro, plantar uma árvore e ter um filho. Meu pai, que era engenheiro, acrescentava: construir uma casa. Escrevi livros, até demais, tenho um filho e plantei uma árvore, no jardim da casa onde cresci, uma muda de pau-rosa, ou flor-do-paraíso, que havia sido esquecida ao lado de uma cova estreita e funda, uma muda frágil, com poucas folhas, mais alta do que a menininha que a salvou. A muda cresceu, transformou-se em um majestoso flamboyant, coberto de flores vermelhas. 

Mas nunca construí uma casa. Sonho com isso. Gostaria de construir uma casa de taipa, com as próprias mãos, amassar o barro, atirar o barro nos enxaiméis e fasquias de madeira. Não se trata de uma idiossincrasia, nem de um gesto poético, muito menos uma visão religiosa. A taipa é um material apaixonante. Tem uma nobreza histórica. As reforçadas casas e igrejas coloniais brasileiras foram feitas de taipa de pilão, há ainda hoje na Alemanha casas em taipa construídas no século 13, a própria muralha da China, símbolo da solidez, é taipa. A taipa tem mais de 9.000 anos, serviu a construções no Egito, na Mesopotâmia. 

Um amigo meu, arquiteto, projetou e construiu belíssimas casas de taipa. Ele se chama Cydno da Silveira e o conheci em Brasília, poucos anos depois de plantar meu flamboyant. Cydno estudava na UnB quando, observando residências rurais, surpreendeu-se com a quantidade de casas de taipa, feitas de maneira intuitiva, quase como as abelhas fazem suas colméias. Nunca tinha ouvido falar naquilo em seu curso, e percebeu o quanto era elitista o ensino de arquitetura. Fotografou as casas de taipa todas que encontrava. Ele se formou, passou a trabalhar com as técnicas industriais, como concreto armado, mas nunca esqueceu a taipa. Deu-se conta de que não sabia construir da maneira mais rudimentar e resolveu aprender. Estudou durante anos a técnica. Descobriu taipas diversas, como a de pedra, usada no Piauí, a de madeira com bolas de barro, vista no Maranhão, a taipa de carnaúba, a taipa mista de moldura de tijolos, a taipa feita com sobras de madeira e sucata. Descobriu a maleabilidade incrível do barro, novas estruturas, novos dimensionamentos do espaço e imensas possibilidades de melhoria na técnica tradicional. Estudou a combinação com elementos da cultura industrial, mas sem descaracterizar a antiga construção de estuque. 

A casa de taipa nasce do chão, vem da natureza, é construída com o material que está ali, a terra e as árvores e tem uma grande contribuição a dar a um país que não oferece moradia para todos, como o Brasil. O projeto de casas populares, que Cydno afinal desenvolveu, ensina o homem a construir sua própria casa e a cuidar dela. Tem o sentido de manter viva a sabedoria popular da taipa. Está sendo feita uma experiência na cidade de Bayeux, Paraíba, para treinamento de pessoas no projeto, construção, melhoria e restauração de edificações em taipa de pau-a-pique. Não recebendo a casa pronta, mas construindo-a, o dono toma por ela mais amor. Se for privado de sua terra, ele saberá construir uma nova habitação. O saber lhe pode servir como meio de vida, e a profissão tem um nome: taipeiro. 

A casa de taipa é uma grande alternativa para a habitação no meio rural e nas periferias urbanas. Típica das populações mais pobres, é uma forma de independência, uma estratégia milenar de abrigo, preservada nos sertões brasileiros especialmente pelas mulheres. O sistema de autoconstrução elimina a aquisição de material, o transporte, o crédito, elimina o BNH e o processo industrial de construção, permite o mutirão e, principalmente, educa. É rápida a construção, usa-se mão-de-obra não qualificada, e é um instrumento para a posse imediata da terra. Permite uma construção tanto de caráter provisório quanto perene e a técnica pode ser levada a lugares onde não chega o material industrializado. Uma simples caiação evita a umidade e basta fechar as frestas onde o barbeiro gosta de fazer seu ninho. Integra a família, as mulheres e as crianças trabalham na construção e integra o grupo na sociedade quando em regime de mutirão. Apesar de tudo isso é completamente ignorada pelos meios administrativos, considerada subabitação, não há nem mesmo linha de crédito nos órgãos do governo para casa de taipa. Marcos Freire, antes de morrer, estava tratando de corrigir esse lapso. Nas esferas “civilizadas” há dificuldade em compreender a taipa. Não há legislação nem a favor nem contra. Quando da construção de Carajás, Cydno realizou um projeto de moradias em taipa de pau-a-pique para os empregados, utilizando o fartíssimo material do lugar. Seu projeto não foi aceito e os tijolos, o cimento e o ferro viajaram de avião até Carajás. 

Na taipa não há desperdício de material e nem agressão ecológica, a madeira usada nas estruturas é em quantidade cinco vezes menor do que a necessária na queima de tijolos para uma parede das mesmas dimensões. “A tomada de consciência ecológica, surgida como uma ponte de luz no extremo mais estreito do túnel da crise de energia, vai servindo para provar-nos que nem sempre o habitat humano está condenado a ser feito de concreto, aço e vidro. Assim, quando tudo em arquitetura parecia dirigir-se para uma negação sempre maior da natureza que volta a oferecer uma saída diante das agruras da crise. E o faz com aquilo que lhe é primeiro e essencial, a terra, o elemento mais fecundo de tudo o que nos cerca”, escreveu o arquiteto Roberto Pontual.

Quando, nos anos 1930, Lúcio Costa projetou uma vila operária, em Monlevade, toda em taipa de pau-a-pique, escreveu: “...faz mesmo parte da terra, como formigueiro, figueira-brava e pé-de-milho – é o chão que continua... Mas justamente por isso, por ser coisa legítima da terra, tem para nós, arquitetos, uma significação respeitável e digna, enquanto que o pseudomissões, ‘normando ou colonial’, ao lado, não passa de um arremedo sem compostura”. E aconselha: devia ser adotada para casas de verão e construções econômicas de um modo geral. É uma técnica muito mais barata, atende aqueles casais remediados que desejam uma casinha de campo. O projeto de Lúcio Costa, claro, não foi aceito pela Belgo Mineira. 

O Cydno vai projetar a minha casa de taipa. Vou querer na casa uma lareira, um fogão a lenha e uma vassoura daquelas de gravetos. Uma árvore frondosa por perto, pode ser flamboyant, um gramado na sombra para piquenique, contemplação ou leitura. Também dizia meu pai, nas coisas mais simples está o sentido da vida. 

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

O Que Mais Dói

O que mais dói não é sofrer saudade
Do amor querido que se encontra ausente
Nem a lembrança que o coração sente
Dos belos sonhos da primeira idade.
Não é também a dura crueldade
Do falso amigo, quando engana a gente,
Nem os martírios de uma dor latente,
Quando a moléstia o nosso corpo invade.
O que mais dói e o peito nos oprime,
E nos revolta mais que o próprio crime,
Não é perder da posição um grau.
É ver os votos de um país inteiro,
Desde o praciano ao camponês roceiro,
Pra eleger um presidente mau.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Lançamento do Livro A Estrada da Minha Vida


 

          Lançamento do Livro A Estrada da Minha Vida de autoria do Dr. José Weidson de Oliveira, a realize-se no próximo dia 9 de outubro às 19 horas no Salão Nobre do Clube. Obra é autor serão apresentados pelo Dr. Cid Sabóia de Carvalho.

Cearenses na final do Prêmio Jabuti

Quatro cearenses estão entre os finalistas do Prêmio Jabuti edição 2013: Socorro Acioli, Tércia Montenegro, Lira Neto e Tino Freitas. Segundo informações do jornal O Estado de São Paulo, a comissão organizadora, reunida na última terça-feira, definiu a lista dos finalistas de cada uma das 27 categorias da 55a. edição do Jabuti, o mais importante prêmio literário brasileiro. De acordo com o jornal, a apuração dos votos dos jurados também aconteceu na última terça-feira.

No dia 17 de outubro, serão revelados os vencedores. E na cerimônia de 13 de novembro, serão conhecidos os autores do ‘Livro do Ano’ nas categorias de ficção e não ficção.

O conselho curador do Jabuti é formado por José Luiz Goldfarb, Antonio Carlos Sartini, Frederico Barbosa, Luis Carlos Menezes, Marcia Ligia Guidin.

Boa safra
Socorro e Tino Freitas, cearense radicado em Brasília há quase 15 anos, ficaram entre os finalistas da categoria Melhor Livro Infantil. Socorro, com Ela Tem Olhos de Céu, publicado pela editora Gaivota. Tino, com Primeira Palavra, da editora Abacatte. 

Os dois concorrem com autores como Ziraldo (Os Meninos de Marte, da Melhoramentos), Arnaldo Antunes (Cultura, editado pela Iluminuras) e José Roberto Torero (autor de Os 33 Porquinhos, lançado pela Objetiva)

Tércia Montenegro, concorre na categoria Melhor livro de Contos/Crônica com O Tempo em Estado Sólido, lançado pela editora Grua. O livro já havia garantido a Tércia um lugar entre os finalistas do prêmio Portugal Telecom de Literatura, um dos principais troféus literários da língua portuguesa. No Jabuti, ela vai concorrer com autores como Luis Fernando Veríssimo, Sérgio Sant´Anna e Fabrício Carpinejar.

Já Lira Neto, que, em sua página no Facebook, classificou os finalistas como uma “boa safra de autores cearenses”, concorre ao prêmio na categoria Melhor Biografia. O seu Getúlio: Dos Anos de Formação à Conquista do Poder, 1882-1930, editado pela Companhia das Letras, vai disputar o troféu com trabalhos como Marighella, de Mário Magalhães; e A Queda, de Diogo Mainardi.

Entre os romances finalistas, estão dez oncorrentes. Entre eles, O Mendigo Que Sabia de Cor os Adágios de Erasmo de Rotterdam, de Evandro Afonso Ferreira; Barba Ensopada de Sangue, de Daniel Galera; e Sagrada Família, de Zuenir Ventura. 
Fonte: O POVO

A lista

Faça uma lista de grandes amigos,
quem você mais via há dez anos atrás...
Quantos você ainda vê todo dia ?
Quantos você já não encontra mais?
Faça uma lista dos sonhos que tinha...
Quantos você desistiu de sonhar?
Quantos amores jurados pra sempre...
Quantos você conseguiu preservar?
Onde você ainda se reconhece,
na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria?
Quantos amigos você jogou fora...
Quantos mistérios que você sondava,
quantos você conseguiu entender?
Quantos defeitos sanados com o tempo,
era o melhor que havia em você?
Quantas mentiras você condenava,
quantas você teve que cometer ?
Quantas canções que você não cantava,
hoje assobia pra sobreviver ...
Quantos segredos que você guardava,
hoje são bobos ninguém quer saber ...
Quantas pessoas que você amava,
hoje acredita que amam você?

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

"O que o homem conhece, nem sempre se compara com o que ele não conhece."

Era uma vez um menino chamado Davi N., cuja pontaria e habilidade no manejo da atiradeira despertavam tanta inveja e admiração entre seus amigos da vizinhança e da escola, que viam nele — e assim comentavam entre si quando os pais não podiam escutar — um novo Davi.

O tempo passou. Cansado do tedioso tiro ao alvo que praticava disparando pedrouços contra latas vazias e pedaços de garrafa, Davi descobriu um dia que era muito mais divertido exercer contra os pássaros a habilidade com que Deus o tinha dotado, de modo que dali em diante exercitou contra todos os que se punham ao seu alcance, em especial contra Pardais, Cotovias, Rouxinóis e Pintassilgos, cujos corpinhos sangrentos caíam suavemente sobre a grama, com o coração ainda agitado pelo susto e a violência da pedrada. Davi corria alegre até eles e os enterrava cristãmente.

Quando os pais de Davi se aperceberam desse costume do seu bom filho se alarmaram muito, lhe perguntaram o que é que era aquilo, e denegriram a sua conduta com termos tão ásperos e convincentes que, com lágrimas nos olhos, ele reconheceu sua culpa, se arrependeu sincero, e durante muito tempo se aplicou em disparar apenas nos outros meninos.

Dedicado anos depois às Forças Armadas, na Segunda Guerra Mundial 
Davi foi promovido até general e condecorado com as cruzes mais 
altas por matar sozinho trinta e seis homens, e mais tarde degradado
e fuzilado por deixar escapar com vida um Pombo mensageiro do inimigo.

sábado, 5 de outubro de 2013

Entrevista

Telefonam-me do jornal: 
-Fale de amor- 
diz o repórter, 
como se falasse 
do assunto mais banal. 
-Do amor? -Me rio 
informal. Mas 
ele insiste: 
-Fale-me de amor- 
sem saber, displicente, 
que essa palavra 
é vendaval. 

-Falar de amor?-Pondero: 
o que está querendo, afinal? 
Quer me expor 
no circo da paixão 
como treinado animal? 

-Fala...-insiste o outro 
-Qualquer coisa. 
Como se o amor fosse 
“qualquer coisa” 
prá se embrulhar no jornal. 

-Fale bem, fale mal, 
uma coisa rapidinha 
-ele insiste,como se ignorasse 
que as feridas de amor 
não se lavam com água e sal. 

Ele perguntando 
eu resistindo, 
porque em matéria de amor 
e de entrevista 
qualquer palavra mal dita 
é fatal.

13 Linhas Para Viver

1. Gosto de você não por quem você é, mas por quem sou quando estou contigo.
2. Ninguém merece tuas lágrimas, e quem as merece não te fará chorar.
3. Só porque alguém não te ama como você quer, não significa que este alguém não te ame com todo o seu ser.
4. Um verdadeiro amigo é quem te pega pela mão e te toca o coração.
5. A pior forma de sentir falta de alguém é estar sentado a seu lado e saber que nunca vai poder tê-lo.
6. Nunca deixes de sorrir, nem mesmo quando estiver triste, porque nunca se sabe quem pode se apaixonar por teu sorriso.
7. Pode ser que você seja somente uma pessoa para o mundo, mas para uma pessoa você seja o mundo.
8. Não passe o tempo com alguém que não esteja disposto a passar o tempo contigo.
9. Quem sabe Deus queira que você conheça muita gente errada antes que conheças a pessoa certa, para que quando afinal conheça esta pessoa saibas estar agradecido.
10. Não chores porque já terminou, sorria porque aconteceu.
11. Sempre haverá gente que te machuque, assim que o que você tem que fazer é seguir confiando e só ser mais cuidadoso em quem você confia duas vezes.
12. Converta-se em uma pessoa melhor e tenha certeza de saber quem você é antes de conhecer alguém e esperar que essa pessoa saiba quem você é.
13. Não se esforce tanto, as melhores coisas acontecem quando menos esperamos.



sexta-feira, 4 de outubro de 2013

"Basta um instante E você tem amor bastante."

Tem gente ...
que tem cheiro de passarinho quando canta,
De sol quando acorda,
De flor quando ri,
Ao lado delas,
A gente se sente no balanço de uma rede
Quando dança gostoso numa tarde grande,
Sem relógio e sem agenda,
Ao lado delas,
A gente se sente comendo pipoca na praça,
Lambuzando o queixo de sorvete,
Melando os dedos com algodão doce
De cor mais doce que tem pra escolher,
O tempo é outro.
E a vida fica com a cara que ela tem de verdade,
Mas que a gente desaprende de ver.
Tem gente que tem cheiro de colo de Deus,
De banho de mar quando
A água é quente e o céu é azul.
Ao lado dela, a gente sabe
Que os anjos existem e
que alguns são invisíveis.
Ao lado delas,
A gente se sente chegando em casa
E trocando o salto pelo chinelo.
Sonhando a maior tolice do mundo.
Ao lado delas, pode ser abril,
mas parece manhã de natal do tempo em que
A gente acordava e encontrava
O presente do Papai Noel.
Tem gente que tem cheiro das estrelas,
Que deus acendeu no céu e daquelas
Que conseguimos acender na terra.
Ao lado delas,
A gente não acha que o Amor é possivel,
A gente tem certeza,
Ao lado delas,
A gente se sente visitando um lugar feito de alegria,
Recebendo um buquê de carinho,
Abraçando um filhote de urso panda,
Tocando com os olhos os olhos da paz,
Ao lado delas, saboreando a delícia
Do toque suave que sua presença sopra
no nosso coração.
Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa,
Do brinquedo que a gente não largava,
Do calento que o silêncio canta,
De passeio no jardim,
Ao lado dela, a gente percebe que
A sensualidade é um perfume,
Que vem de dentro e
Que a atração que realmente nos move,
Não passa só pelo corpo,
Corre em outras veias,
Pulsa em outros lugares,
Ao lado delas a gente lembra que no
instante em que rimos
A gente ri grande
Que nem menino arteiro.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

"Aquele que nunca viu a tristeza, nunca reconhecerá a alegria"

O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois duma noite votada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão; às vezes acaba o amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar; na epifania da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas femininas; quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente; no sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores; em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero; nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba; no inferno o amor não começa; na usura o amor se dissolve; em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro; uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova Iorque; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

O direito de errar

Diariamente, a imprensa escrita, falada e televisionada
faz destaque e ênfase de senadores, deputados,
prefeitos e vereadores, como macacos, a saltarem de galho
em galho. Diria como Rui Barbosa que de tanto ver diariamente
nulidades ganharem notoriedade e ascenderem
ao galarim da glória, não mais me escandalizaria com estas
mutações metabólicas ou diabólicas.
Diria mais ainda que seria exigir muito daqueles
que, sem nenhum gabarito moral, social ou cultural, ascenderam
ao pódio da magistratura política, “per fas et nefas”,
fraquejarem na sua dignidade e consciência. Em todo grupo
humano, social, político, religioso ou profissional há santos
e diabos, heróis e crápulas.
Destaquemos apenas um fato histórico para
vermos como raciocina um grupo elitista de apenas 12
personagens, escolhidos a dedo por Jesus. Quantos fraquejaram?
Judas traiu Cristo por 30 salários mínimos.
Pedro negou covardemente três vezes ser discípulo
do Divino Mestre.
É mais fácil lutar por princípios
que viver por eles.
Os irmãos João e Tiago disputavam o privilégio
de sentarem-se ao lado do Cristo, no seu Reino.
Tomé duvidou que Jesus houvesse ressuscitado.
Felipe era tardo e moroso de compreender as
palavras do Mestre.
Se num reduzido grupo de apenas 12 apóstolos,
50% fracassaram, por que esperar ou exigir menor
percentagem de delinquentes ou fracassados em
corporações de centenas e milhares de componentes sem
a liderança carismática de um Cristo?
Poder-se-ia argumentar que Jesus seria mais
elitista na escolha dos seus seguidores, quando tinha a
presciência da consciência e do caráter de cada um deles.
Mas não o fez para utilizar a didática ou metodologia de
que cada discípulo se autocontrolasse pelos processos
de reflexão pessoal e consciente, e não por motivações
exteriores.
Aí é que está a distância infinita entre o grupo
de Jesus e o corporativismo dos políticos, que cada dia mais
se aprimoram e se aperfeiçoam na arte de enganar sem ser
enganados, de enriquecer sem ser fiscalizados.
                                   Livro Histórias Interessante vol. II